ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS


Renunciou ao governo de Alagoas em 14 de maio de 1989, transferindo o cargo a Moacir Andrade. Em seguida, iniciou as articulações para a formação de uma chapa viável de modo a compensar a debilidade de sua origem política em um dos menores estados da federação e, nesse contexto, fixou-se na escolha de um candidato a vice-presidente oriundo do segundo maior colégio eleitoral do país, o estado de Minas Gerais, escolha que recaiu sobre o senador Itamar Franco após as recusas de políticos como Hélio Garcia e Júnia Marise.
Discreto ao longo de toda a campanha, seu candidato a vice-presidente ameaçaria renunciar à candidatura por mais de uma vez mesmo após a sanção da chapa na convenção nacional do PRN, fato que não chegou a ocorrer. Durante a campanha cerrou seu discurso no combate a corrupção e aos altos índices de inflação apontando ainda o governo Sarney como inepto, chegando até a classificar o então presidente como alguém "corrupto, incompetente e safado", o que lhe custou um direito de resposta no horário eleitoral e um processo por calúnia, injúria e difamação, mas nada que impedisse sua ascensão ao primeiro lugar nas pesquisas de opinião - embora Fernando Collor não tenha comparecido a nenhum debate promovido pelos meios de comunicação durante o primeiro turno da eleição.
Sua performance o credenciou a receber o apoio do espectro político conservador como o do PFL, que aderiu em massa à sua candidatura ainda no começo da campanha, embora o partido tivesse Aureliano Chaves como candidato oficial. Em 15 de novembro recebeu 20.611.011 votos contra 11.622.673 sufrágios dados a Lula e, assim, os dois candidatos passaram ao segundo turno que se realizaria em 17 de dezembro. Além de Leonel Brizola - que perdeu a vaga no segundo turno por uma diferença de aproximadamente 455 mil votos - ficaram de fora da disputa políticos oriundos do estado de São Paulo como Covas, Maluf, Guimarães e Guilherme Afif Domingos, dentre outros listados na relação de mais de vinte postulantes ao Planalto, oriundos de diferentes estados do país. Ao longo de um mês de campanha no segundo turno, as forças políticas se reagruparam com vistas ao embate derradeiro e nisso Lula recebe o apoio de Brizola, Covas, Guimarães e Roberto Freire, ao passo que Fernando Collor contou com o eleitorado de Maluf e Guilherme Afif.
A sociedade civil também se manifestou: o candidato do PT recebeu o apoio majoritário dos sindicatos, dos movimentos sociais organizados e do MST em contraposição ao suporte maciço dado ao candidato do PRN pelos empresários, meios de comunicação e pelos grandes latifundiários, enquanto que a Igreja Católica se dividiu. Com o decorrer da campanha as pesquisas de opinião mostravam uma diferença cada vez menor entre os concorrentes e com isso a postura de Collor recrudesceu e atingiu seu ponto crítico quando o programa eleitoral do PRN exibiu um depoimento de Míriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, que acusava o petista de ter planejado o aborto de Lurian, filha do casal.
Paralelo a isso associou o adversário ao comunismo ao tempo em que a Cortina de Ferro ruía no leste europeu e a União Soviética dava os primeiros sinais de exaustão. A retórica de Collor ganhou consistência quando houve a queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 e ainda antes da eleição o sequestro do empresário Abílio Diniz acabou associado a grupos de esquerda interessados na vitória de Lula. Em meio a essa efervescência o candidato do PRN repetia à exaustão seu plano de governar para os "descamisados" e os "pés descalços" (numa alusão ao eleitorado mais humilde) de modo a fugir do estigma de "candidato da elite".
Abertas as urnas o candidato do PT chegou a liderar parte da apuração, devido ao fato da apuração das capitais ser mais rápida que a das urnas do interior, mas ao fim a vitória coube a Fernando Collor – que obteve 35.089.998 votos contra 31.076.364 votos dados a Lula.
De um modo geral, o país votou em Fernando Collor. Este venceu em todos os estados com exceção de Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro conseguiram transferir os votos de Brizola para Lula, mas em São Paulo o fenômeno foi a transferência de votos de Covas para Collor – ainda que o próprio Covas tenha apoiado Lula.
Politicamente o fiel da balança foi São Paulo. Ainda que a vitória dada pelos paulistas não tenha sido tão expressiva quanto o que aconteceu em outros estados, como Goiás, por exemplo. Goiás era reduto de outro candidato conservador, Ronaldo Caiado, (então no PSD, hoje deputado federal pelo DEM, ex-PFL), ligado aos ruralistas. Neste Estado, quase 70% dos eleitores votaram em Collor. Se a diferença de votos a favor de Collor em São Paulo (2.534.125) fosse convertida para Lula, o PT venceria a eleição.
O Governo Collor teria uma duração de dois anos e meio sendo que seu titular assumiu a presidência aos quarenta anos e sete meses de idade, o mais jovem político a assumir esse cargo na história brasileira e em todas as Américas. Antes de sua posse viajou aos Estados Unidos e à Europa buscando o apoio dos organismos financeiros internacionais à sua proposta de renegociação da dívida externa brasileira, aproveitando também para expor seus planos para a economia. Visando a integração do Brasil aos seus vizinhos sul-americanos, viajou também para a Argentina e o Uruguai.

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